Maio a julho de 2025
Mensagem do Coordenador Nacional

Chegamos ao final do 9.º ano UAARE – começamos em 2016!
Temos hoje 1413 Alunos Atletas (AAs) de 367 Clubes que enquadram 51 Federações provenientes de 54 modalidades, frequentam 25 Escolas UAARE (27 no próximo ano letivo 2025-2026).
A elite UAARE (NI, NII e alínea d)) representa 42,4% do total, sendo constituída por 598 AAs. O género feminino representa 37,4% do total dos AAs, existindo atualmente 528 praticantes desportivas que perseguem o sonho em serem campeãs nacionais, da Europa, do Mundo e Atletas Olímpicas! O sonho acontece igualmente, através da UAARE, em serem também os/as melhores Alunos/as da Turma!
De 99 562 faltas do final do ano letivo anterior (2023-2024), passamos para 114 801 neste final de ano letivo (1.º e 2 .º semestres, respetivamente, 45 452 e 69 349)!
Número de ausências assustador!
Os nossos AAs puderam treinar 1, 2 ou 3 vezes por dias nalguns casos e puderam efetuar estágios e competições.
Obtiveram, com base nesse trabalho, os seguintes resultados desportivos:

(Data UAARE de 25.07.2025)
Resultados desportivos de Excelência!
No entanto, as Escolas UAARE também asseguraram todo o processo de planeamento, monitorização, regulação e execução do processo de conciliação entre o sucesso desportivo e escolar.
Implementamos acompanhamento e regulação com os Professores Acompanhantes, com a Equipa Pedagógica de Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem (disponibilizamos formação e suportes digitais pedagógicos), com as/o Psicólogas/os (promovemos suporte psicopedagógico - 26 196 no total), com a Equipa Nacional UAARE (asseguramos monitorização, supervisão e propostas de melhoria), com os Docentes das Salas de Estudo Aprender Mais e Conselhos de Turma (promovemos suporte pedagógico no total de 43 889 apoios).
Conjuntamente com a ação dos/as Diretores/as das Escolas UAARE, foi FEITO UM TRABALHO EXCECIONAL!
Assim, obtivemos 96,70% de desempenho académico, com taxa de AAs com positiva a todas as disciplinas de 81,50%!
Resultados Académicos EXCECIONAIS!
O Programa UAARE teve, em 2024-2025, mais um ano de implementação sólida, com impacto significativo na vida escolar e desportiva dos AAs. O modelo continua a afirmar-se como uma boa prática nacional e internacional na conciliação entre exigências académicas e desportivas, envolvendo uma rede de 25 escolas espalhadas pelo país.
O programa visa assegurar condições para que os AAs possam atingir níveis de excelência desportiva sem comprometer o seu percurso académico, através de:
- Trabalho em articulação com encarregados de educação, interlocutores desportivos e treinadores;
- Acompanhamento sistemático dos AAs nos planos pedagógico, emocional e logístico.
- Flexibilização curricular;
- Acompanhamento e suporte pedagógico e psicopedagógico;
- Apoio individualizado;
- Intervenções centradas no equilíbrio emocional, planeamento e motivação;
- Apoio individual e em grupo, especialmente em momentos de maior pressão competitiva ou transição escolar;
- Reforço da literacia emocional e da autonomia dos AAs.
O ano letivo de 2024-2025 confirma a solidez e relevância do modelo UAARE como resposta integrada às necessidades de jovens atletas de alto rendimento. A continuidade do programa, o reforço das equipas UAARE e a partilha de boas práticas serão fundamentais para a evolução futura do sistema.
Obrigado às Tutelas da Educação (MECI, SEAE, SEAE, DGE, DGEstE) e do Desporto (MCJD, SED, IPDJ), pela confiança e aposta estratégica na UAARE!
Obrigado às organizações desportivas: às Federações Desportivas, às Associações Distritais, aos Clubes pelo compromisso!
Obrigado aos Encarregados de Educação e aos 1413 AAs, pela cumplicidade e renovado e assumido compromisso!
ESTAMOS TODOS DE PARABÉNS!
SOMOS TODOS UAARE!
Como Coordenador Nacional, sinto um enorme orgulho e privilégio em contar com TODAS estas fabulosas EQUIPAS!
O Coordenador Nacional UAARE e UAARE Superior
Victor Manuel de Oliveira Maia Pardal
Nota de Abertura
Fim de Ano Letivo 2024/2025
Chegados ao final de mais um ano letivo, é tempo de reconhecer o percurso feito e sublinhar o que de mais significativo a rede UAARE viveu nos últimos meses. O ano de 2024-2025 foi, sem dúvida, marcado por desafios, conquistas e um crescimento coletivo que reforça o propósito do Programa: apoiar os jovens que, com dedicação, conciliam o percurso escolar com uma exigente prática desportiva.
Entre os muitos destaques deste ciclo, importa valorizar as boas práticas levadas a cabo por escolas e equipas UAARE de norte a sul do país, que demonstram o quanto a partilha de conhecimento, a articulação entre agentes educativos e o trabalho em rede são cruciais para o sucesso da nossa missão.
Merecem referência especial ações como a formação “Acompanhar e apoiar alunos-atletas”, realizada em Alcochete, que reuniu professores e técnicos para aprofundar estratégias de apoio pedagógico e emocional a estes jovens em contexto de alto rendimento. Igualmente relevante foi a sessão promovida pelo AEPROSA, em Faro, sobre Ética no Desporto, onde se refletiu sobre valores, comportamentos e responsabilidades numa prática desportiva consciente e equilibrada. Já a preparação conjunta em Guimarães, entre escolas UAARE da região Norte, revelou-se um momento exemplar de construção de sinergias e alinhamento de estratégias locais.
A realização de reuniões de trabalho com interlocutores desportivos ao longo do ano permitiu também reforçar a articulação entre o mundo educativo e o mundo desportivo, criando pontes cada vez mais sólidas e eficazes no acompanhamento das carreiras duais. É fundamental destacar a primeira edição do Percurso de Curta e Média Duração (PCMD) dedicado à função de Interlocutor Desportivo (ID) — uma formação inovadora e estruturante, que vem colmatar uma necessidade há muito sentida no seio das entidades formadoras e educativas ligadas ao desporto.
Mas, este foi também, um ano de crescimento da rede UAARE, com a entrada de duas novas escolas que enriquecem o programa com a sua energia, contexto e visão: a Escola Secundária João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, e a Escola Secundária São Pedro, em Vila Real. A expansão da UAARE é essencial não apenas para alargar o número de alunos-atletas apoiados, mas para garantir que o país inteiro — de diferentes geografias e realidades — possa beneficiar de uma resposta integrada, equitativa e qualificada. O alargamento da rede é, pois, uma afirmação clara do compromisso de promover a inclusão e a excelência.
Internacionalmente, a rede UAARE também foi reconhecida. Destaca-se a visita de membros do staff do Ministério da Educação e da Infância da Islândia ao Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo, no Porto. Este momento de partilha e observação de práticas em contexto real veio reforçar o valor do nosso programa como referência para outros países e sistemas educativos.
Neste número da newsletter, continuamos igualmente a valorizar os testemunhos de antigos alunos UAARE, que hoje continuam os seus percursos desportivos e académicos com notável mérito. As partilhas da tenista Carolina Reis, da marchadora Inês Mendes e da atleta Maria Wilkinson são espelhos de dedicação, superação e paixão, e são também uma inspiração para os que agora começam ou continuam o seu próprio trajeto na UAARE.
Cada uma destas ações, testemunhos e eventos reflete a riqueza de dinâmicas que o programa tem vindo a consolidar. A UAARE é, hoje, uma rede viva, coesa e inspiradora, que cresce com base no compromisso de todos: alunos-atletas, professores, coordenadores, famílias, técnicos, dirigentes escolares, federações, clubes e parceiros institucionais.
A todos, deixamos um profundo agradecimento pelo trabalho incansável que ao longo do ano foi realizado — no plano académico e desportivo — e pelo papel de cada interveniente nesta caminhada conjunta.
Com espírito de equipa e visão de futuro, continuamos a construir caminhos onde o talento e o conhecimento se encontram.
Boas férias e até breve!
SEAM ND
Notícias UAARE em destaque
Nesta secção, incluímos as notícias publicadas no site UAARE. Consulte todas as notícias aqui.
A UAARE nos media
Nesta secção, incluímos referências nos media ao trabalho das UAARE e dos seus alunos-atletas.
Welcome pack UAARE para Professores da SEAM
A UAARE concluiu recentemente o documento "Welcome Pack", que visa facilitar a integração de novos Professores da SEAM no Programa UAARE, com a indicação de linhas de ação e documentos orientadores da estrutura.
Neste Welcome Pack, podem ser obtidas todas as informações consideradas necessárias para desempenhar com confiança e eficiência essa função. Desde os contactos relevantes; a história da Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola; o que são efetivamente, (https://uaare.dge.min-educ.pt/pt/apresentacao/modelo); a equipa; (https://uaare.dge.min-educ.pt/pt/apresentacao/equipa); a legislação de referência; as competências dos Professores da SEAM; a Sala de Estudo Aprender +; o processo de comunicação interna; o planeamento dos apoios e dinâmicas pedagógicas; a documentação de suporte, assim como outras ações importantes ao longo do ano.
O Welcome pack está disponível na plataforma de documentação interna do Programa, em https://docs.dge.min-educ.pt/books/uaare-pa/page/welcome-pack-para-professores-da-seam
Aconteceu…e queremos dar a conhecer
Delegação da Islândia visita a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo para conhecer modelo UAARE
No passado dia 2 de maio de 2025, uma delegação composta por representantes do Ministério da Educação e da Infância da Islândia, visitou a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, com o objetivo de conhecer de perto o modelo UAARE — uma iniciativa portuguesa de referência na conciliação entre sucesso escolar e prática desportiva de alunos-atletas.

A delegação foi recebida pelo Diretor do Agrupamento, Professor Pedro Almeida, que deu as boas-vindas à comitiva nórdica, iniciando um programa de partilha e observação que permitiu compreender o funcionamento quotidiano e estratégico do programa UAARE no contexto real de uma escola pública portuguesa.
Seguiu-se uma apresentação conduzida pela Professora Manuela Quelhas, responsável pelo acompanhamento UAARE na escola, que explicou a implementação concreta das medidas UAARE nos ensinos básico e secundário, com destaque para os planos de estudo ajustados, a flexibilização curricular, o acompanhamento psicopedagógico e a articulação com as entidades desportivas.

Um dos momentos mais marcantes da visita foi o testemunho de dois alunos-atletas, Jorge Silva (ginástica acrobática) e Rita Marques (karaté), que relataram de forma clara e emotiva como o apoio da escola tem sido determinante para equilibrar as exigências do treino de alto rendimento com o percurso académico. Os dois jovens destacaram o papel dos professores acompanhantes, dos diretores de turma e da estrutura UAARE na criação de condições para a continuidade nas duas áreas.

A comitiva teve ainda oportunidade de conhecer a Sala de Estudo Aprender Mais (SEAM), um espaço inovador de apoio ao estudo individualizado, com recurso a tecnologias digitais e estratégias diferenciadas de aprendizagem, que tem sido um dos pilares da resposta da escola aos alunos-atletas.

Foram igualmente apresentados os indicadores do Data UAARE, plataforma nacional que permite o acompanhamento contínuo dos alunos em vários domínios, apoiando a tomada de decisão pedagógica a nível local e nacional. Outro momento relevante foi a apresentação do projeto-piloto UAARE Superior, que visa adaptar os princípios do programa ao ensino superior, estendendo o acompanhamento para além do ensino secundário.
A delegação islandesa mostrou-se profundamente interessada e impressionada com o modelo integrado e colaborativo da UAARE, destacando o seu impacto positivo na retenção escolar, no sucesso académico e na continuidade desportiva dos alunos, e sublinhou a possibilidade de adaptar algumas destas práticas à realidade educativa da Islândia. Este momento de intercâmbio e partilha internacional, que envolveu professores, alunos, dirigentes escolares e técnicos especializados, reforça a ideia de que a educação, quando pensada em articulação com os talentos e projetos de vida dos jovens, pode ser uma ponte eficaz para o sucesso múltiplo.
A cobertura do evento esteve a cargo dos alunos do Curso Profissional de Técnico/a de Multimédia da escola, que asseguraram o registo fotográfico, audiovisual e o acompanhamento digital da visita.
Inauguração da SEAM em Oeiras: Um Espaço ao Serviço dos Alunos-Atletas

No passado dia 7 de maio, foi oficialmente inaugurada a Sala de Estudo Aprender Mais (SEAM) da Escola Básica e Secundária Amélia Rey Colaço, do Agrupamento de Escolas de Santa Catarina. O novo espaço, pensado para apoiar o percurso académico dos alunos-atletas da UAARE, foi apresentado à comunidade numa cerimónia simbólica e muito participada.
A receção aos convidados ficou a cargo dos próprios alunos-atletas UAARE, que protagonizaram uma pequena exibição que espelhou o espírito e o empenho da equipa. O momento alto da cerimónia foi o descerramento da placa da sala, feito pelo Diretor do Agrupamento, Hernâni Pinho, pelo Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, e pelo Secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias.

Após a inauguração formal, os convidados visitaram o espaço UAARE, onde puderam conhecer de perto as condições criadas para apoiar a conciliação entre o sucesso académico e desportivo. O evento culminou na Biblioteca, com a apresentação de um vídeo realizado pelos alunos-atletas e com as intervenções finais, seguidas de um brinde de honra, gentilmente oferecido pela Câmara Municipal de Oeiras.

Foi um momento especial para toda a comunidade educativa, e em particular para a equipa UAARE, que teve o privilégio de partilhar o trabalho que tem vindo a desenvolver em conjunto com os seus alunos-atletas. Uma cerimónia memorável, que reforça o compromisso com o sucesso dual e com o crescimento pleno dos jovens talentos integrados neste Agrupamento.
Os testemunhos de ex-alunos atletas UAARE

Três Percursos, Muitos Sonhos: Vozes da UAARE Além da Escola
Nesta edição, damos voz a quem viveu por dentro o desafio da carreira dupla: Carolina Reis; Inês Mendes e Maria Wilkinson, ex-alunas UAARE, partilham connosco as suas experiências, conquistas e sonhos. Através dos seus testemunhos, compreendemos melhor o impacto duradouro da UAARE na vida académica, desportiva e pessoal. Escutamos ainda a perspetiva dos pais de uma das atletas, que acompanharam este percurso exigente. Conhecer estas histórias é essencial para valorizar o papel das famílias, das escolas e das estruturas de apoio no sucesso dos alunos-atletas e no caminho que traçam para o seu futuro.
ENTREVISTA — O testemunho inspirador de Carolina Reis, Alumni UAARE: “Conciliar desporto e estudos é possível".

Carolina Reis, alumni UAARE e ex-aluna da Escola Secundária Fonseca Benevides, concluiu recentemente a licenciatura em Management nos EUA, com uma bolsa de estudante-atleta na modalidade de ténis. Nesta entrevista, partilha o seu percurso desafiante no ensino secundário, a experiência universitária nos Estados Unidos e o desejo de retribuir ao projeto UAARE, que considera determinante para o seu sucesso académico e desportivo.
UAARE: Podes apresentar-te brevemente? Que curso frequentaste e qual a tua modalidade desportiva? Clube?
Carolina: Olá, o meu nome é Carolina Reis, tenho 22 anos, sou natural das Caldas da Rainha e terminei recentemente a licenciatura em Management na University of North Georgia, nos Estados Unidos, com uma bolsa de atleta-estudante na modalidade de ténis.
UAARE: Como foi o teu percurso como atleta durante o ensino secundário?
Carolina: O meu percurso enquanto atleta no ensino não foi fácil. Quando terminei o 9.º ano, não sabia como iria conciliar 5 horas de treino diário com a escola, nem sequer tinha decidido que curso seguir, porque estava totalmente focada em jogar e obter resultados.
Foi então que surgiu a oportunidade de integrar o projeto UAARE, que na altura ainda era piloto. Apesar das dúvidas, os meus pais e eu decidimos acreditar e embarcar neste desafio, com esperança de que conseguiria conciliar tudo da melhor forma e evoluir tanto como estudante quanto como atleta.
Assim que comecei as aulas online na Escola Secundária Fonseca Benevides, consegui aumentar a carga de treinos e melhorar a sua qualidade. Embora tenha sido difícil adaptar-me ao ensino 100% online, com o tempo e o apoio dos professores, consegui. Mesmo faltando a cerca de 70% das aulas, terminei com sucesso o secundário e consegui conciliar os dois mundos.
"Mesmo faltando a cerca de 70% das aulas, terminei com sucesso o secundário."
UAARE: Como começaste no ténis e como foi crescer em competição?

Carolina: O ténis surgiu de forma totalmente inesperada. A minha família não tinha qualquer ligação à modalidade. Um dia, no 1.º ciclo, tivemos uma atividade extracurricular e foi aí que tive o primeiro contacto com o ténis. Comecei a treinar uma vez por semana no campo desportivo da escola até ser convidada a integrar a Felner Tennis Academy, onde passei a treinar três vezes por semana.
Na altura, praticava também rugby e voleibol, mas os meus pais pediram-me para escolher uma modalidade. Escolhi o ténis. Desde aí, comecei a treinar todos os dias e a competir. Perdi os meus três primeiros torneios, mas o meu treinador explicou-me a importância do processo e que tudo se conquista com trabalho.
Comecei a subir no ranking nacional, fui chamada ao estágio da Seleção Nacional de sub-12, mas tive de interromper o percurso para ir viver para o Brasil com os meus pais. Lá, percebi que o ténis era mesmo o que eu queria: não conseguia viver sem jogar. Quando regressei a Portugal, continuei o meu caminho competitivo.
UAARE: Participaste em vários torneios e campeonatos. O que te marcou nesse percurso? Como lidavas com a pressão?
Carolina: Cada torneio marcou-me à sua maneira, seja por coisas boas ou por desafios. Sempre foi difícil estar longe dos meus pais, mas tive a sorte de poder contar com o apoio deles em quase todos os torneios.
Sempre gostei de grandes palcos — jogos em que não tinha nada a perder e dava tudo. Foi mais tarde que comecei a trabalhar o lado mental com ajuda profissional. No ténis, o aspeto mental é o que mais diferencia atletas. Ter pais que não me pressionavam e me deixavam viver fora do ténis foi fundamental.
"No ténis, o aspeto mental é o que mais diferencia atletas."
UAARE: O que significou para ti fazer parte da UAARE durante o ensino secundário?
Carolina: Fazer parte da UAARE na Escola Secundária Fonseca Benevides e ser uma das primeiras nove alunas do projeto é um motivo de grande orgulho. Sempre tentei transmitir a importância e o impacto positivo deste projeto na vida dos atletas.
UAARE: Que tipo de apoio recebeste (pedagógico, psicológico, articulação com treinadores, etc.)?
Carolina: O apoio foi constante e excecional desde o primeiro dia. A nossa diretora de turma articulava os horários com os treinadores e tínhamos sempre apoio quando precisávamos.
UAARE: Sentes que o programa teve impacto no teu sucesso escolar e desportivo?
Carolina: Sem dúvida. Se não fosse a UAARE, provavelmente não teria terminado o secundário nem seguido para a universidade. Este projeto ajudou-me a evoluir como atleta e estudante, de uma forma que nunca imaginei ser possível em Portugal.
"Este projeto ajudou-me a evoluir como atleta e estudante, de uma forma que nunca imaginei ser possível em Portugal."
UAARE: A transição para o Ensino Superior e a experiência nos EUA. Como foi?
Carolina: Os Estados Unidos não faziam parte dos meus planos antes da pandemia. Na altura, estava a preparar a minha carreira profissional, mas com a chegada da COVID-19 fiquei sem treinador, sem clube, e sem rumo.

Foi então que conheci a Ingrid Martins, uma ex-jogadora universitária e atual top 50 WTA em pares. Tornou-se minha mentora, amiga, e foi quem me “abriu os olhos” para a oportunidade que seria estudar e jogar nos EUA. Com o apoio do meu agente, Ricardo Medeiros, consegui uma vaga na Montreat College e em janeiro, parti, sem saber muito bem o que esperar. A primeira grande dificuldade foi o idioma. Logo na chegada perdi o voo e não sabia comunicar, o que foi desesperante.
Mas a partir daí, tudo mudou. Fiz amigos que se tornaram família e tive uma época desportiva excelente, ganhando a conferência e chegando às meias-finais nacionais.
Nos anos seguintes passei pela Northwest Missouri State University, onde apesar do sucesso desportivo, a relação com o treinador não correu bem. Transferi-me então para a University of North Georgia, onde me senti em casa desde o primeiro momento. Foram dois anos inesquecíveis: títulos de conferência, presença nas meias-finais nacionais e recordes pessoais que me valeram a distinção de All-American.

Apesar das saudades da família e do cansaço de conciliar treinos, viagens e estudos, senti-me sempre apoiada. O sistema universitário americano, com aulas online e híbridas, ajudou-me imenso — muito semelhante ao modelo da UAARE. O departamento de atletas foi essencial. Acompanhava-nos em tudo, tal como o meu treinador, que tinha passado pela mesma experiência e compreendia bem o que era viver esta realidade dupla.
UAARE: Entretanto, foi o retorno a Portugal. Podemos saber quais os teus planos?
Carolina: Neste momento, o meu futuro ainda está a definir-se. Já iniciei um curso de Interlocutor Desportivo no IEFP, ligado ao projeto UAARE. Quero poder ajudar outros atletas como eu, a conciliar estudo e desporto.
Gostava muito de continuar ligada à UAARE, que estará sempre presente na minha vida. Tenho imenso a agradecer ao professor Vítor Pardal, que me fez o convite em 2017, e a todos os professores que me apoiaram no meu percurso.
"Espero poder retribuir e contribuir para o crescimento do Programa UAARE — e fazer dele, um bocadinho meu."

UAARE: Gostarias de nos deixar uma mensagem Final?
Carolina: Claro que sim! Para os alunos-atletas que ambicionam estudar e competir nos EUA, vão. Vai ser a melhor experiência das vossas vidas. Pode custar deixar a família, mas vão valer a pena todos os momentos. Nunca se irão arrepender.
À “Carolina” de há 10 anos eu diria: acredita, continua. Não deixes ninguém dizer que não és capaz. Vais vencer e festejar muito!
A quem está a terminar o secundário, aconselho a que tenham um plano B — tirem uma licenciatura, mesmo que demore. É possível conciliar desporto e estudos.
E às instituições, deixo um apelo: compreendam os sonhos dos atletas, tenham paciência e apoiem-nos. A conciliação é possível. E todos juntos podemos alcançar o sucesso — dentro e fora de campo.

A UAARE agradece à Carolina Reis a generosidade do testemunho, a inspiração partilhada e o exemplo de resiliência e ambição. É um orgulho ver o seu percurso e saber que continua ligada ao projeto com o mesmo entusiasmo com que o iniciou. Muito sucesso na nova etapa — a UAARE será sempre também um bocadinho tua.
ENTREVISTA | Inês Mendes – “A UAARE foi essencial para o meu percurso académico e desportivo”

A Inês Mendes tem 22 anos, é marchadora e representa o Sport Lisboa e Benfica. Está a terminar a licenciatura em Psicologia, na Universidade de Lisboa, com planos para seguir o mestrado em Psicologia Clínica. Ex-aluna do Programa UAARE na Escola Secundária Dr. Augusto César da Silva Ferreira (Rio Maior), é um exemplo de como o equilíbrio entre estudos e desporto é possível, com apoio, organização e perseverança.
UAARE: Inês, apresenta-nos o teu percurso pessoal e desportivo durante o secundário.
Inês Mendes: Comecei o ensino secundário no curso de Ciências e Tecnologias com o objetivo de me afirmar na marcha atlética. No 10.º ano, queria representar a seleção nacional, mas a pressão que pus sobre mim impediu-me de o conseguir. No 11.º ano, o desporto ficou em suspenso com a chegada da pandemia. No entanto, no 12.º ano — que fiz em formato à distância, por precaução — representei finalmente Portugal no escalão Júnior (sub-20), fui campeã da Europa por equipas e iniciei o meu percurso como atleta internacional, que ainda hoje mantenho.
UAARE: Que papel teve o Programa UAARE no teu trajeto?
Inês Mendes: Tive a sorte de integrar o programa na ESDACSF e foi determinante. A nível psicológico, tive o apoio da psicóloga Sara Malhoa. Pedagogicamente, pude organizar o estudo através de apoios regulares, tive aulas fora do horário da turma, o que me deu mais tranquilidade para treinar, e houve sempre uma boa articulação entre a escola, o treinador e o programa. Esta estrutura permitiu-me treinar com qualidade e estudar de forma eficaz. Terminei o secundário com média de 17 valores e entrei na universidade e no curso da minha primeira escolha. A UAARE ajudou-me também a ganhar competências que hoje uso no ensino superior: organização, comunicação com professores e estratégias para lidar com dificuldades.
"Terminei o secundário com média de 17 valores graças à estrutura da UAARE - treinar com qualidade e estudar com apoio foi essencial." Inês Mendes
UAARE: Como foi a entrada no ensino superior, sem esse apoio?

Inês Mendes: Foi um choque. Sou a primeira da família a frequentar a universidade e, de repente, estava sem a estrutura da UAARE. As universidades ainda não têm real noção das dificuldades dos alunos-atletas. Tive de escolher, por várias vezes, entre o desporto e a faculdade. Num estágio da seleção no Algarve, por exemplo, fui obrigada a sair mais cedo para fazer uma frequência presencial, sem possibilidade de alternativa. As faltas às aulas, frequentes devido a estágios e competições, dificultam muito o estudo — não há apoios compensatórios. Dependemos dos colegas. Se eles não ajudam, ficamos para trás.
UAARE: E que tipo de apoios teriam feito a diferença?
Inês Mendes: Os pedagógicos, em primeiro lugar. Não há apoios compensatórios, nem a possibilidade de gravar ou assistir a aulas online. Fui a apenas quatro aulas entre fevereiro e maio. A inexistência de uma estrutura como a UAARE torna tudo mais difícil. Além disso, também seria importante haver apoio psicológico — sair de casa, gerir a ansiedade, conciliar tudo… São muitos desafios ao mesmo tempo.
"Estar num estágio da seleção e ter de sair mais cedo para fazer uma frequência mostra como a universidade ainda não está preparadas para os Alunos-Atletas." - Inês Mendes

UAARE: Acompanhas o projeto-piloto da UAARE no ensino superior?
Inês Mendes: Sim, e tenho muita esperança nesse projeto. Gostava de beneficiar dele no mestrado, em Coimbra. Mudar a data de um exame não basta, se o aluno não teve como se preparar. A estrutura deve garantir condições reais de sucesso, como acontecia no ensino secundário. Se isso acontecer, acredito que menos atletas desistirão da alta competição ou dos estudos, e o rendimento médio também aumentará.
UAARE: E que mensagem queres deixar aos decisores e instituições?
Inês Mendes: A mensagem que gostaria de deixar aos decisores e instituições passa pela sensibilização à situação dos alunos-atletas. Alunos-atletas têm ambição de estar em grandes palcos da sua modalidade, mas também em continuar a estudar e em ter sucesso nos dois campos. Os estudos fornecem-nos uma estabilidade, um "plano B", ou até um plano pós-carreira. Todo o processo é mais suave se todos (professores, instituições, treinadores, atletas, etc.) trabalharmos em conjunto como uma equipa em direção aos mesmos objetivos, tornando a experiência mais agradável para todos os envolvidos.
"Os Alunos-Atletas não querem escolher entre o desporto e os estudo. Querem ter sucesso nos dois." - Inês Mendes
UAARE: Que conselhos deixas aos alunos que estão a terminar o secundário?

Inês Mendes: Para os alunos que estão agora a terminar o secundário e que pretendem continuar a estudar e a treinar, aconselho a que desenvolvam e/ou aprimorem uma estratégia de gestão do seu dia-a-dia, para facilitar a conciliação entre os treinos e o estudo. Para além disso, também aconselho a que procurem colegas na faculdade que vos consigam ajudar quando não conseguem ir às aulas (mesmo que sejam apenas os apontamentos das aulas). Por fim, que tenham uma boa comunicação com os seus treinadores e pessoas próximas, por forma a planear o ano desportivo/académico em equipa, gerindo as expectativas e a delinear os objetivos.
"Organizem bem o vosso tempo, construam uma rede de apoio entre colegas e comuniquem com os vossos treinadores - o percurso faz-se em equipa." - Inês Mendes
À Inês, o nosso profundo agradecimento. Muitos sucessos ao longo da sua carreira, desportiva e académica. Muito obrigado.
Maria Wilkinson: Dois Sonhos em Movimento
Maria Wilkinson é ex-aluna-atleta da UAARE ESPAMOL e continua a trilhar o caminho da carreira dual. Hoje, estuda Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa, e mantém-se como atleta de alto rendimento na modalidade de badminton, representando Portugal em competições internacionais.
A transição para o ensino superior não foi fácil. Logo na primeira semana de aulas, teve de viajar para o Campeonato do Mundo, na China, o que dificultou a adaptação inicial à nova realidade académica. No entanto, com disciplina e perseverança, Maria encontrou o seu equilíbrio e conseguiu recuperar o ritmo de estudo, mesmo com as ausências frequentes provocadas por torneios e estágios.
Estudar sozinha, à distância de muitas aulas presenciais, exige organização redobrada. Apesar dos desafios, conta com o apoio de alguns professores sensíveis ao seu estatuto de atleta. A própria FMH facilita este reconhecimento através de uma plataforma onde esse estatuto é visível, permitindo, por exemplo, reagendar avaliações sempre que necessário.
"Estudar sozinha, longe das aulas, não é fácil. Mas com organização, apoio e foco, estou a conseguir conciliar os dois mundos". Maria Wilkinson
Quando se mudou para Lisboa, Maria receava que o rendimento desportivo pudesse ser afetado. Mas a experiência superou as expectativas: os horários da faculdade permitem-lhe tempo para estudar antes dos treinos, que começam pelas 18h30. As aulas terminam entre as 12h30 e as 16h, o que possibilita uma gestão eficaz do tempo — ainda que os treinos exijam cerca de uma hora de deslocação, entre comboio e metro.
"Tive receio de que a mudança para Lisboa afetasse o meu rendimento desportivo. Mas surpreendi-me: estou a treinar bem e a evoluir também nos estudos." - Maria Wilkinson
Ao longo do ano letivo, Maria já representou Portugal em diversos países, como China, Espanha, Malta, Eslováquia e Eslovénia. Apesar do calendário exigente, sente que está a conseguir conciliar bem a vertente académica e a desportiva, acreditando que, com a experiência acumulada, a gestão será ainda mais eficaz nos próximos anos.

O seu foco imediato é concluir com sucesso o primeiro ano da licenciatura. A médio e longo prazo, pretende terminar o curso com uma boa média, sem abdicar da progressão desportiva.
Para os alunos-atletas da UAARE, a Maria é um exemplo concreto de que é possível viver dois mundos em simultâneo — o da alta competição e o do ensino superior, desde que haja resiliência, apoio institucional e uma gestão realista do tempo.
O nosso sincero agradecimento e votos de muitos sucessos, Maria.
Entrevista aos pais de Carolina Reis, Alumni UAARE -"Foi uma experiência transformadora para todos"

Sandra e Nuno Reis, pais de Carolina Reis, partilham a sua visão sobre o percurso desportivo e académico da filha, desde os primeiros treinos de ténis em criança, até à experiência universitária nos Estados Unidos. Uma conversa sincera, marcada por orgulho, sacrifício e muita admiração por quem ousou sonhar alto.
UAARE — Quando perceberam que a Carolina tinha uma paixão especial pelo ténis?
PAIS — Desde muito cedo percebemos que a Carolina tinha algo de especial. Sempre muito ativa, era daquelas crianças que nunca paravam: andava de bicicleta, jogava à bola, experimentava tudo. Quando começou a escola primária, teve oportunidade de se envolver em várias atividades e destacava-se naturalmente.
O ténis acabou por surgir como uma escolha quase instintiva, depois de ela própria decidir focar-se num desporto. O treinador na altura viu logo o seu potencial e incentivou-nos a apostar na competição.
A partir daí, começaram as primeiras vitórias e o compromisso cresceu.
UAARE — Como era acompanhá-la nos primeiros treinos e competições? Já demonstrava alguma característica que vos fizesse acreditar que podia ir longe?
PAIS — Desde o início, a Carolina mostrou-se muito dedicada, com uma disciplina pouco comum para a idade. Acompanhá-la nos treinos e nas competições era um misto de orgulho e exigência. As rotinas da família adaptaram-se completamente ao calendário dela. Fins de semana passados em torneios, mudanças nos horários de trabalho, menos férias…, mas sempre com o maior gosto.
Acreditávamos verdadeiramente no potencial da nossa filha.
Apoio familiar e sacrifícios
UAARE — Que tipo de adaptações a família teve de fazer para apoiar o percurso desportivo da Carolina?
PAIS — Claro que houve momentos difíceis. Sacrificámos tempo em família, estabilidade financeira, momentos pessoais. Mas sempre vimos isso como um investimento no sonho dela, e nunca como um fardo.
UAARE — Houve momentos em que pensaram em parar ou repensar o caminho?
PAIS — Naturalmente, como em qualquer percurso exigente, surgiram dúvidas, lesões, pressões escolares e momentos de frustração. Mas a resiliência da Carolina e o amor que tem pelo ténis foram sempre mais fortes.
A ida para os Estados Unidos
UAARE — Como foi o momento em que decidiram (ou aceitaram) que a Carolina ia estudar e competir nos EUA?
PAIS — Desde cedo também preparámos o caminho para que ela pudesse ter alternativas no futuro. Queríamos que, ao chegar ao 12.º ano, tivesse opções reais. A hipótese dos Estados Unidos foi surgindo com naturalidade, embora no início ela própria não estivesse convencida. Ouvíamos relatos nem sempre positivos, e a hesitação era normal.
Mas, à medida que conhecemos exemplos de sucesso de atletas brasileiras que seguiram esse caminho — como a Beatriz Haddad Maia ou a Ingrid Martins — começámos a acreditar.
A decisão foi tomada em cima da hora, de forma quase caótica: só conseguimos o visto 24 horas antes da partida. Foi um salto de fé.
UAARE — Quais foram as maiores preocupações como pais nesse momento? E os maiores motivos de orgulho?
PAIS — As nossas maiores preocupações eram com a saúde e a possibilidade de não conseguirmos estar lá nos momentos mais importantes. Mas o orgulho foi imenso, ao vê-la crescer academicamente, desportivamente e como ser humano.
Crescimento e maturidade
UAARE — Que mudanças notaram na Carolina ao longo do tempo, quer como atleta, quer como pessoa?
PAIS — Ao longo dos anos, notámos mudanças profundas. A Carolina tornou-se uma jovem adulta ponderada, empática e determinada. Assumiu a liderança na equipa universitária, foi capitã nos últimos dois anos, conquistou o respeito dos colegas e professores. Desenvolveu a capacidade de lidar com pressão, de se organizar, de tomar decisões difíceis.
UAARE — A experiência nos EUA moldou-a de alguma forma especial? Que traços vos surpreenderam?
PAIS — Surpreendeu-nos a forma como, sendo uma pessoa reservada, conseguiu integrar-se e destacar-se numa cultura tão diferente da nossa.
Conexão emocional
UAARE — Como mantinham o contacto? Que tipo de conversas tinham nas alturas mais difíceis?
PAIS — A ligação à distância foi constante. Falávamos todos os dias, enviávamos mensagens, fazíamos chamadas de vídeo. (O pai da Carolina, que também foi atleta de alta competição, era uma referência importante nas conversas).
Nos momentos mais difíceis, procurámos ajuda profissional, incluindo uma terapeuta que a apoiou quando ela precisou. O mais importante era que ela soubesse, em qualquer momento, que estávamos presentes.
UAARE — Há alguma memória especial que guardem com carinho – uma vitória, uma conversa, um momento de superação?
PAIS — Há muitas memórias marcantes, mas uma ficou gravada em nós. Num dos últimos campeonatos nacionais antes de ir para os EUA, a Carolina jogou contra uma atleta brasileira muito experiente. Ela entrou no jogo sem acreditar que poderia ganhar. Perdeu o primeiro set, mas deu a volta. Ganhou o segundo e venceu o jogo.
No final, disse-nos que só conseguiu porque sabia que estávamos ali. Mais tarde, já nos EUA, disse-nos: “Ir para os Estados Unidos foi o melhor que me podia ter acontecido.” Naquele momento, sentimos que a missão estava cumprida.
Conselho a outros pais

UAARE — Que conselho dariam a outros pais de jovens atletas que têm de decidir entre uma carreira mais convencional e o desporto de alto rendimento?
PAIS — Se tivéssemos de dar um conselho a outros pais de jovens atletas, diríamos: estejam atentos, escutem os vossos filhos, apoiem com equilíbrio e realismo. Ajudem-nos a criar alternativas desde cedo para que, quando for preciso decidir, sintam que têm escolha.
UAARE — O que acham que é mais importante garantir a um filho que está num caminho de exigência como este – apoio emocional, estrutura familiar, liberdade?
PAIS — Acima de tudo, estejam presentes. Com amor, com escuta, com estabilidade. A estrutura familiar e o apoio emocional são o que realmente sustenta um jovem atleta. A liberdade é importante, sim, mas não substitui a segurança de saber que há um lugar onde se é sempre acolhido.
A Carolina teve a coragem de seguir um caminho exigente, e nós tivemos o privilégio de acompanhá-la. Foi uma experiência transformadora para todos — como pais, como família, e como pessoas.
A UAARE agradece à Sandra e ao Nuno Reis a partilha honesta, emotiva e inspiradora. O testemunho de quem acompanha um atleta desde o primeiro serviço até aos grandes palcos internacionais é, também ele, um exemplo de dedicação e coragem. Muito obrigado por continuarem a caminhar connosco.
Vamos conhecer algumas escolas UAARE

Novas escolas na rede UAARE: primeiros passos, desafios e expectativas
Com a entrada da Escola Secundária João Gonçalves Zarco (Matosinhos) e da Escola Secundária São Pedro (Vila Real) na rede de escolas do Programa de Apoio ao Alto Rendimento na Escola – UAARE, reforça-se o compromisso nacional de promover o sucesso educativo de alunos que conciliam a exigência da prática desportiva de alto rendimento com o percurso escolar.
No espírito de acolhimento e partilha que caracteriza este programa, endereçámos a cada uma destas escolas um convite para uma entrevista institucional, com o intuito de dar a conhecer à comunidade UAARE – alunos, famílias, professores, treinadores, dirigentes e demais parceiros – o contexto, os desafios e as expectativas que marcam esta nova etapa.
As respostas que se seguem, construídas a partir de um guião orientador, traduzem o entusiasmo e a determinação com que estas duas escolas abraçam o Programa UAARE, deixando também pistas valiosas sobre o trabalho que já está a ser desenvolvido no terreno.
Escola Secundária João Gonçalves Zarco junta-se à rede UAARE: uma aposta clara na conciliação entre escola e desporto

A Escola Secundária João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, é uma das recentes escolas na rede nacional de Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE). Após dois anos a implementar um projeto especial, a escola reforça agora o seu compromisso com uma educação inclusiva e promotora de talentos, onde a excelência desportiva e o sucesso académico caminham lado a lado. Na pessoa da PA, Ana Cristina Domingos, agradecemos este contributo para melhor conhecermos a UAARE da Escola Secundária João Gonçalves Zarco.
“O país não se pode dar ao luxo de perder bons alunos… nem bons atletas”
Entrevista à Escola Secundária João Gonçalves Zarco, nova escola integrada na rede UAARE
UAARE — A vossa escola acaba de integrar formalmente a rede de escolas UAARE. Como encaram esta adesão?
UAARE G. Zarco — A adesão ao programa UAARE permite-nos alinhar com uma política educativa nacional de apoio à carreira dupla — académica e desportiva — e reforçar o nosso compromisso com uma escola inclusiva, exigente e promotora de sucessos.
UAARE — Já existia um número significativo de alunos-atletas na escola? Em que modalidades e níveis de prática desportiva?
UAARE G. Zarco — Sim. No primeiro ano de implementação do Programa (2023/2024, como Projeto Especial), apoiámos 28 alunos-atletas (4 de Nível I, 13 de Nível II e 11 de Nível III), distribuídos por modalidades como andebol, basquetebol, ginástica, hóquei em patins, karaté, Kempo, natação, pentatlo moderno, taekwondo e voleibol. No segundo ano (2024/2025), esse número subiu para 37 alunos-atletas (4 de Nível I, 7 de Nível II e 26 de Nível III), com a entrada de novas modalidades como atletismo, badminton, boxe olímpico, e ténis de praia.
UAARE — Quais são as vossas principais expectativas relativamente à participação no Programa UAARE?
UAARE G. Zarco — As nossas expectativas são elevadas e bem definidas. Pretendemos garantir equidade no percurso escolar dos alunos-atletas, minimizar o insucesso e abandono escolar, reforçar a articulação entre escola, famílias e entidades desportivas e desenvolver competências transversais como autonomia, resiliência e gestão do tempo. Queremos afirmar a escola como referência no apoio à carreira dupla, tornando claro que o país não pode perder nem bons alunos nem bons atletas. Acreditamos que a manutenção do programa representa um passo relevante para uma escola mais justa e preparada para a diversidade.
UAARE — Qual tem sido o impacto do programa na vida escolar dos alunos-atletas e na cultura da escola?
UAARE G. Zarco — O impacto tem sido muito positivo. Os alunos-atletas sentem maior equilíbrio entre carreira desportiva e académica, estão mais motivados e identificados com a escola. Desenvolvem competências pessoais como autonomia e responsabilidade. A cultura organizacional da escola transformou-se, promovendo maior flexibilidade e inclusão, articulação entre agentes educativos e valorização do desporto enquanto dimensão educativa.
UAARE — Que desafios enfrentaram nesta fase inicial?
UAARE G. Zarco — Os principais desafios foram a adaptação da estrutura organizacional da escola, a sensibilização da comunidade educativa, a articulação com clubes e treinadores e a implementação de estratégias pedagógicas diferenciadas. Apesar disso, a equipa UAARE demonstrou resiliência e empenho, respondendo com eficácia às exigências do programa.
UAARE — Que sinais positivos destacam até agora?
UAARE G. Zarco — Destacamos o compromisso dos alunos-atletas, a boa integração da equipa UAARE, a recetividade dos docentes, a articulação com famílias e interlocutores desportivos, o reconhecimento da escola como promotora da carreira dupla e o impacto no sucesso educativo. Estes sinais validam a aposta feita.
UAARE — Como está organizada a resposta da escola aos alunos-atletas?
UAARE G. Zarco — Contamos com um professor acompanhante, uma sala UAARE bem equipada, diretores de turma envolvidos, comunicação estreita com famílias e interlocutores desportivos, e uma equipa multidisciplinar interna, que inclui também parcerias externas como a Faculdade de Psicologia. Esta organização permite um apoio eficaz e centrado no aluno.

UAARE — Que apoio têm recebido do Coordenador Regional da UAARE?
UAARE G. Zarco — O apoio tem sido essencial. Desde o acompanhamento próximo, à orientação, formação e articulação institucional, o papel do Coordenador Regional tem contribuído significativamente para o sucesso da implementação do programa.
UAARE — Já acolhem alunos de Nível 1 e 2? Como é feita a gestão das suas ausências?
UAARE G. Zarco — Sim. Temos alunos de Nível 1 e 2, o que exige uma resposta mais flexível e individualizada. Elaboramos planos de apoio específicos, com recurso à Sala UAARE, avaliação recalendarizada, apoio à distância e uso de recursos digitais. O percurso destes alunos tem sido muito positivo.
UAARE — Como está equipada a Sala UAARE?


UAARE G. Zarco — É um espaço adaptado às necessidades dos alunos, com equipamentos tecnológicos como iPads, Surface Go, câmaras, TV, mobiliário adaptado, entre outros. Promove um ambiente de aprendizagem digital e colaborativo.
UAARE — Há outros técnicos envolvidos no apoio?
UAARE G. Zarco — Sim. Contamos com uma assistente técnica que assegura a gestão de instrumentos de avaliação e apoio administrativo. Este reforço tem sido crucial.
UAARE — Qual o impacto esperado na comunidade educativa?
UAARE G. Zarco — Acreditamos que o programa terá efeitos muito positivos para toda a comunidade. Para os alunos, transmite a valorização de talentos diversos; para os docentes, é uma oportunidade de inovação pedagógica; para a escola, reforça a sua identidade como instituição de excelência. Também valoriza o desporto e reforça os laços com a comunidade local.
UAARE — Já notaram efeitos positivos?
UAARE G. Zarco — Sim. A motivação, o espírito de superação, o reforço da autoestima, a valorização do desporto e a melhor gestão do tempo são evidentes. Estes efeitos iniciais mostram o impacto positivo da UAARE.
UAARE — Que mensagem deixam a outras escolas que ponderam entrar no programa?
UAARE G. Zarco — Encorajamos todas as escolas a integrar este programa. É uma oportunidade de transformação profunda, que valoriza o mérito e o talento dos alunos e torna as escolas mais justas, flexíveis e humanas. Alinha-se perfeitamente com o nosso lema: "70 anos a inspirar sonhos e conquistas".
UAARE — Quais são os planos e sonhos para o futuro?
UAARE G. Zarco — Temos muitos planos, ainda em fase de construção, mas todos centrados na consolidação do que já foi alcançado e na ampliação do impacto positivo do programa UAARE na nossa escola.
A UAARE agradece à Escola Secundária João Gonçalves Zarco a generosa partilha da sua experiência e o entusiasmo com que tem abraçado este projeto. É um orgulho contar convosco na rede nacional. Desejamos o maior sucesso nesta nova etapa, com votos de muitas conquistas – académicas, desportivas e humanas. Estamos juntos!
Entrevista com a Escola Secundária São Pedro – Vila Real
Conheça a visão, os desafios e as ambições desta nova escola integrante da Rede UAARE.

UAARE: Quais foram as motivações e o contexto que levaram à entrada da Escola Secundária São Pedro no programa UAARE?
ESSP: A Escola manteve sempre, ao longo da sua história, uma forte ligação ao Desporto, acolhendo, nos últimos anos, jovens praticantes de várias modalidades desportivas (futebol, natação e ciclismo) oriundos da cidade de Vila Real e de outros concelhos limítrofes. A Escola Secundária São Pedro assumiu, desde cedo, como prioridade criar condições (medidas específicas de apoio e flexibilidade de horários, por exemplo) que permitissem aos alunos-atletas conciliar o sucesso académico com as exigências da prática desportiva, evitando que estes tivessem de escolher entre os estudos e a prática desportiva ao mais alto nível.
Assim, podemos, de certo modo, afirmar que a integração da nossa Escola no programa UAARE foi como que uma evolução natural desse compromisso que a escola sempre assumiu com os seus alunos-atletas.
UAARE: Que expetativas têm em relação a esta integração na Rede UAARE?
ESSP: A Escola vê esta integração como um desafio exigente, mas igualmente muito enriquecedor.
Com este programa, procuramos conciliar, de forma equilibrada e estruturada, a vida escolar e a prática desportiva de alto rendimento dos nossos alunos-atletas, permitindo-lhes um desenvolvimento integral, onde os seus sucessos escolares e desportivos caminhem lado a lado.
Ao nível dos alunos-atletas, espera-se uma melhoria na gestão do tempo, maior motivação e bem-estar, bem como um suporte pedagógico ajustado às suas exigências específicas.
Ao nível da escola, a UAARE representa uma oportunidade de aprofundar a articulação entre docentes, técnicos desportivos e famílias, promovendo uma cultura organizacional mais colaborativa, inclusiva e centrada nas necessidades reais dos alunos. Esta abordagem interdisciplinar enriquecerá certamente o ambiente educativo e reforçará o papel da escola como espaço de desenvolvimento integral. Além disso, pretende-se que a integração no programa reforce a valorização do desporto na escola como dimensão formativa essencial.

UAARE: Que desafios encontraram e quais são as primeiras impressões sobre a implementação da UAARE?
ESSP: Os principais desafios apresentados com a integração no programa estão relacionados com a escolha dos professores para trabalharem na Sala de Estudo Aprender + (SEAM), porque este espaço requer disponibilidade para a mudança nas práticas pedagógicas, nomeadamente, um trabalho colaborativo entre todas as partes envolvidas.
Estando esta implementação numa fase inicial, tem sido necessário elucidar e motivar os colegas para que não assumam esta experiência como um trabalho que parece “acrescido”, mas que, com o decorrer do processo, reconheçam neste processo uma oportunidade de crescimento profissional, de inovação pedagógica e de reforço da missão da escola enquanto espaço de inclusão, equidade e excelência.
UAARE: Como está organizada internamente a vossa UAARE e de que forma se articula com a rede nacional?
ESSP: A Escola, aquando da candidatura a “Escola UAARE”, escolheu um professor acompanhante para efetuar a candidatura e acompanhar o processo da criação da Sala UAARE. Esta nova Sala teve como ponto de partida a “Sala de Estudo” que existia, porém, o conceito foi alterado e adaptado. O professor acompanhante está a articular com os pais/encarregados de educação e interlocutores desportivos para preparar o ano letivo e assim permitir que entre as partes envolvidas – professor acompanhante, conselhos de turma e os diretores de turma – haja um contacto permanente de forma a esclarecerem todas as dúvidas que possam surgir e, assim, em conjunto encontrarem as melhores soluções.
Tudo isto só tem sido possível com a ajuda preciosa dos colegas que integram a equipa da Coordenação Nacional, pois têm sido muito prestáveis e estão sempre disponíveis para ajudar a resolver alguma situação ou esclarecer dúvidas.

UAARE: De que forma estão a apoiar os alunos de alto rendimento?
ESSP: A Escola, neste momento, acolhe 16 atletas do Nível 2. Sempre que se registam ausências por parte dos alunos-atletas, o diretor de turma é informado e comunica ao conselho de turma, através da plataforma Classroom. Este procedimento visa articular os diferentes momentos de avaliação e planear estratégias de recuperação das aprendizagens, com o apoio dos docentes disponíveis na “Sala de Explicação” — um recurso disponibilizado pela Escola a todos os alunos. Procura-se igualmente compatibilizar, logo no início do ano, o horário escolar com o dos treinos, numa tentativa de conciliar a vertente académica e desportiva.
UAARE: Que recursos e estruturas estão a ser mobilizados para implementar esta nova realidade?
ESSP: A Escola dispõe já de uma sala específica para apoio UAARE, mas com o apoio do Município está a ser criado um espaço mais adequado para o estudo, a recuperação de aulas, as tutorias individuais e o trabalho autónomo para os alunos-atletas. Pretende-se que esta sala esteja equipada e organizada de forma funcional e acolhedora, de modo a responder às necessidades destes alunos.
UAARE: Qual tem sido o impacto comunitário e cultural da entrada na Rede UAARE?
ESSP: Sendo a conciliação entre a vida escolar e a desportiva bastante desafiante, a Escola, mesmo não sendo “Escola UAARE”, assumiu, desde logo, um apoio diferenciado para os alunos que pretendiam conciliar estas duas áreas. Aos poucos, foi-se mudando a forma de atuar com estes alunos, o que permitiu um avanço neste processo que requer esforço e colaboração entre todos os envolvidos.
Sermos “Escola UAARE” tem, claro, benefícios muito significativos para a comunidade escolar, nomeadamente a promoção de valores como o esforço, a superação, a disciplina e a resiliência, que acabam por impactar e inspirar todos os alunos e a própria Escola, no seu todo. A Escola deixará de ser vista apenas como um espaço de ensino tradicional, passando a desempenhar um papel ativo no acompanhamento de jovens com perfis diferenciados, através de uma cultura de proximidade, de corresponsabilidade e de confiança entre todos os intervenientes.
UAARE: Que mensagem gostariam de deixar como encerramento desta entrevista?
ESSP: A Escola tem como lema e missão “garantir o Sucesso Pleno de todos e de cada um dos seus alunos” e, por isso, assume-se como um espaço onde todos devem ser plenamente acolhidos, integrados e apoiados independentemente do percurso que escolham seguir.
Ser escola UAARE é precisamente dar resposta concreta a essa missão. De facto, ao proporcionar aos alunos-atletas um apoio contínuo e personalizado que lhes permita desenvolver todo o seu potencial, conciliando a excelência académica com a prática desportiva de alto nível, estamos a promover uma educação verdadeiramente inclusiva que não exclui ninguém, mas que, pelo contrário, potencia cada talento e cada projeto de vida.

A equipa UAARE agradece à Escola Secundária São Pedro, em particular à Professora Acompanhante Paula Guedes, pela colaboração pronta e dedicada na partilha deste testemunho. Desejamos o maior dos sucessos nesta nova etapa, certos de que o compromisso da escola com os seus alunos-atletas será uma mais-valia para toda a Rede UAARE.
Boas práticas - Iniciativas que vale a pena conhecer…


KEMPO EM FOCO: reforço de ligações entre Escola, Federação e UAARE

Teve recentemente lugar uma reunião estratégica que juntou a Federação Portuguesa de Lohan Tao Kempo, a interlocutora desportiva UAARE Tatiana Clemente, o diretor do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro, Jorge Pina, a professora acompanhante Michel Pimenta, e a psicóloga da equipa UAARE, Bruna Ferreira.
Da esquerda para a direita, Vera Rebelo (presidente da Federação de Lohan Kempo), Bruno Rebelo (diretor técnico nacional), Tatiana Clemente (interlocutora desportiva), Bruna Ferreira (psicóloga), Michel Pimenta (professora acompanhante da UAARE) e Jorge Pina (diretor do AERBP).
O encontro teve como objetivo reforçar a articulação entre a estrutura escolar, a federação e a UAARE, com especial atenção aos alunos-atletas de kempo integrados no programa. Foram debatidas questões essenciais relacionadas com o acompanhamento académico e desportivo, reafirmando-se a importância de garantir um equilíbrio saudável entre o rendimento escolar e a prática desportiva de alto nível.
A reunião permitiu aprofundar a cooperação entre os vários parceiros, reconhecendo o papel fundamental de cada um na construção de percursos de sucesso dual. Destacou-se ainda a vontade comum de continuar a promover o kempo no meio escolar e de apoiar o crescimento dos jovens talentos da modalidade, dentro e fora do tatami.

Este momento de trabalho conjunto evidencia, mais uma vez, como a convergência de esforços entre escola, federação e UAARE é decisiva para potenciar o desenvolvimento pessoal, académico e desportivo dos nossos alunos-atletas.
GUIMARÃES acolhe a primeira edição dos Círculos UAARE sobre Carreira Dupla
Decorreu no passado dia 3 de junho de 2025, na Escola Secundária Martins Sarmento, a 1.ª edição dos Círculos UAARE, uma iniciativa conjunta das unidades UAARE da ESMS e do Agrupamento de Escolas João de Meira, dedicada à reflexão sobre a conciliação entre o percurso escolar e o desportivo.

Sob o tema “Conciliação da Carreira Dual”, o encontro reuniu cerca de 120 participantes, entre alunos-atletas, professores, encarregados de educação e convidados especiais, numa jornada de partilha, inspiração e construção conjunta de caminhos mais integrados entre as esferas educativa e desportiva. Marcaram presença personalidades que simbolizam o compromisso institucional com a promoção do sucesso escolar dos jovens atletas: Ana Silva (Diretora da ESMS), António Bessa (Diretor do AE João de Meira), o Coordenador Nacional do Programa UAARE, Professor Vítor Pardal, e o Vereador do Desporto da Câmara Municipal de Guimarães, Nelson Felgueiras, que sublinharam a relevância desta articulação local e nacional na criação de ambientes propícios ao desenvolvimento integral dos jovens.
Num dos momentos mais marcantes da sessão, vários atletas e ex-atletas de alto nível deram o seu testemunho sobre os desafios e conquistas que viveram ao longo dos seus percursos: Rui Silva (andebol, FCP), Rodrigo Duarte (futebol, VSC), Rui Bragança (taekwondo), Nuno Santos (futebol), Eurico Peixoto (voleibol) e Analén González (basquetebol). As suas histórias, narradas com autenticidade e emoção, evidenciaram que o equilíbrio entre escola e desporto é exigente, mas possível — desde que haja apoio estruturado, compreensão das exigências e redes colaborativas eficazes.
Estas parcerias entre escolas, clubes, municípios e o Programa UAARE revelam-se essenciais para criar condições justas de desenvolvimento, oferecendo respostas educativas flexíveis e ajustadas, bem como o acompanhamento necessário para que os alunos-atletas não tenham de escolher entre o sonho académico e a vocação desportiva. A UAARE, ao proporcionar este modelo integrado, cumpre uma missão transformadora: abrir caminhos de sucesso duplo, onde a educação e o talento desportivo se reforçam mutuamente.
No final da sessão, a organização agradeceu a presença e o contributo de todos os envolvidos, deixando o desejo claro de que esta seja apenas a primeira de muitas edições dos Círculos UAARE. A expectativa é que se afirmem como espaços de diálogo contínuo, aprendizagem partilhada e compromisso coletivo, contribuindo ativamente para um futuro onde nenhum talento fique para trás — nem nos campos, nem nas salas de aula.

Primeira edição do Percurso de Curta e Média Duração (PCMD) do Interlocutor Desportivo (ID)

Formação pioneira valoriza o papel do Interlocutor Desportivo na conciliação da carreira dupla
Teve início no passado dia 14 de junho, nas instalações do IPDJ de Leiria, a primeira edição do Percurso de Curta e Média Duração (PCMD) dedicado à função de Interlocutor Desportivo (ID) — uma formação inovadora e estruturante, que vem colmatar uma necessidade há muito sentida no seio das entidades formadoras e educativas ligadas ao desporto.
Este curso, certificado e inserido no Catálogo Nacional de Qualificações, é o resultado de um trabalho colaborativo liderado pela UAARE, em articulação com diversas entidades parceiras: ANQEP, IEFP de Leiria, Associação de Futebol de Leiria e IPDJ. Juntas, estas entidades reconheceram a urgência de formar e qualificar, de forma estruturada, os profissionais que assumem um papel determinante na articulação entre as exigências escolares e as ambições desportivas dos alunos-atletas.
O principal objetivo desta formação é proporcionar uma resposta eficaz de qualificação e certificação para o desempenho da função de ID, prevista na Portaria n.º 275/2019, de 27 de agosto, nomeadamente no seu artigo 23.º. Trata-se de um avanço significativo no reconhecimento e valorização deste perfil profissional, cuja intervenção é absolutamente crucial para garantir a qualidade e eficácia do processo de conciliação da carreira dupla em Portugal.

A formação é dinamizada pela Equipa Nacional da UAARE, e nesta primeira edição participaram entidades de grande relevo no panorama desportivo nacional: Associação de Futebol de Leiria, Federação Portuguesa de Futebol, Futebol Clube do Porto, Sporting Clube de Braga, Sport Lisboa e Benfica, Sporting Clube de Portugal e Vitória Sport Clube. A diversidade e prestígio dos participantes sublinham a pertinência e urgência desta aposta formativa.
A sessão inaugural centrou-se na Unidade de Competência dedicada à implementação de medidas formais para a conciliação da carreira dual, reforçando o compromisso com a criação de contextos educativos e desportivos cada vez mais articulados e sustentáveis. Esta UC procura não apenas dotar os interlocutores de ferramentas técnicas e legais, mas também promover uma visão integrada e humanizada da função do ID, enquanto elo de ligação entre escolas, famílias, treinadores e atletas.

Este percurso representa um marco na valorização da formação e da certificação no setor desportivo nacional, contribuindo de forma direta para a profissionalização dos interlocutores desportivos, cuja ação diária é fundamental para que os jovens possam desenvolver carreiras académicas e desportivas com equilíbrio, propósito e ambição.
Mais do que uma formação, este PCMD afirma-se como uma aposta estratégica no futuro do desporto português, reconhecendo que a conciliação entre escola e competição de alto rendimento exige agentes qualificados, preparados e reconhecidos — e que o sucesso dos atletas começa muitas vezes no apoio silencioso, mas essencial, dos seus interlocutores.
Alunos-Atletas em Foco: ACD em Alcochete promove diálogo, empatia e estratégias pedagógicas

Teve lugar no passado dia 26 de junho, no Agrupamento de Escolas de Alcochete, a Ação de Curta Duração “Compreender e Apoiar os Alunos-Atletas”, promovida pela UAARE local e creditada pelo Centro de Formação de Montijo e Alcochete (CENFORMA). A sessão foi dinamizada pela psicóloga Elsa Reia e pela professora Isabel Almeida, com o objetivo claro de sensibilizar os docentes para os desafios da conciliação entre a exigência académica e o compromisso desportivo.
Ao longo da formação, os participantes tiveram oportunidade de ouvir, em primeira pessoa, os testemunhos de três alunos-atletas UAARE, que partilharam os seus percursos, anseios, motivações e as dificuldades sentidas na vivência desta dupla carreira. Os jovens deixaram ainda uma mensagem clara: o papel dos professores é decisivo, seja pelo apoio direto ou pela forma como entendem e se adaptam à realidade dos alunos-atletas.

Outro dos momentos altos da sessão foi o debate entre docentes, que permitiu a partilha de estratégias pedagógicas concretas e refletidas a partir da experiência no terreno. Entre os tópicos mais valorizados esteve a importância da saúde mental, em especial neste grupo de estudantes, frequentemente sujeito a altos níveis de exigência.

A formação concluiu-se com a exploração de técnicas práticas para a sala de aula, com foco na promoção de uma relação mais próxima e empática entre professores e alunos, bem como no fortalecimento dos laços entre pares — reforçando a comunidade educativa como espaço de apoio mútuo e crescimento partilhado.
Educar para a Ética: UAARE Pinheiro e Rosa encerra o ano com reflexão e partilha
No passado dia 4 de junho, a Sala de Estudo Aprender Mais, da Escola Secundária Pinheiro e Rosa, foi palco da sessão de encerramento do ano letivo 2024/2025 com a atividade “Educar para a Ética no Desporto”. A sessão foi dinamizada pela Prof.ª Paula Soares, com vasta experiência no IPDJ, e reuniu diversos alunos-atletas num momento de reflexão sobre os valores que devem guiar o desporto e a vida.

Ao longo do encontro, os participantes foram convidados a pensar temas como o respeito, o fair play e a responsabilidade individual e coletiva no contexto desportivo. O entusiasmo e o envolvimento dos alunos confirmaram a atualidade e a importância destes princípios na construção de trajetos equilibrados, dentro e fora das competições.

Um dos momentos mais marcantes da sessão foi a atividade final, “A Palavra é Tua”, onde os alunos tomaram a iniciativa de partilhar as suas experiências pessoais e destacar os benefícios do programa UAARE — evidenciando o impacto positivo ao nível académico e desportivo.
O encerramento ficou a cargo da Coordenadora Prof.ª Ana Patrícia Avó e da Psicóloga Filipa Baptista, que fizeram o balanço do ano letivo, reforçando a relevância de momentos como este na formação integral dos alunos-atletas.
Obrigada a todos os que contribuíram para este ciclo de crescimento.

Teresa Fidalgo: “A UAARE é como uma comunidade”

Teresa Fidalgo tem 15 anos e é natural de Santarém. Este ano letivo, integrou o Agrupamento de Escolas de Santa Catarina, estando a frequentar o 10.º ano do Curso de Línguas e Humanidades. Com uma impressionante capacidade de organização e empenho, é um exemplo de como é possível conciliar a exigência académica com a dedicação ao desporto.
O basquetebol entrou na sua vida após algumas tentativas falhadas no futebol. Altura não lhe faltava, e desde cedo ouvir dizer que deveria experimentar o basquetebol. Foi no desporto escolar que deu os primeiros passos na modalidade, e acabou por concretizar um sonho antigo ao ingressar no Santarém Basket Clube, onde joga desde o 8.º ano. Atualmente, representa o clube como atleta sub-16 e, pela primeira vez, vive no CAR Jamor, o que implicou uma profunda mudança de rotinas e a adaptação a uma nova realidade longe de casa.
Teresa descreve esta experiência como “fixe”, sublinhando as boas condições de treino e de vida no CAR, bem como a oportunidade de conhecer atletas de todo o país. Apesar do cansaço acumulado e da distância da família, sente que está a evoluir de forma significativa — algo que não aconteceria se tivesse permanecido em Santarém.
A sua rotina diária é exigente: os dias começam cedo, por volta das 7h00, e entre aulas, treinos de equipa, sessões de ginásio e estudo, só consegue deitar-se por volta das 23h30. Ainda assim, mantém uma boa média escolar e é uma presença assídua na SEAM do AE Santa Catarina. Em conjunto com outras colegas da UAARE, organiza sessões de estudo em grupo, especialmente antes dos testes, mostrando grande espírito de entreajuda.

Apesar das saudades da família e do cansaço, considera que consegue gerir os horários e encara a UAARE como uma verdadeira comunidade, onde se sente compreendida por colegas de outras modalidades que vivem os mesmos desafios.
O seu grande objetivo a curto prazo é integrar a seleção que disputará o Europeu Sub-16. No futuro, sonha jogar basquetebol nos Estados Unidos, conciliando a vertente académica com a desportiva, e eventualmente seguir uma carreira como treinadora, caso não continue como jogadora profissional.
Teresa encontra inspiração no irmão, também atleta, cuja resiliência e percurso difícil a motivam a superar os próprios obstáculos. Nos momentos menos bons, recorda-se de que um jogo mau não define o seu valor e que há sempre oportunidades à frente.
Quando vence, celebra com entusiasmo e orgulho, sem esquecer que o caminho continua. “Gosto de pensar na vitória no momento, mas depois passo à frente e procuro focar-me no futuro”, afirma. E é exatamente esse foco que faz da Teresa uma aluna-atleta exemplar.
Destaques das newsletters de escola
A newsletter mensal de escola tem como objetivo melhorar os canais de comunicação interna, tanto na própria escola como entre escolas UAARE. Esta newsletter é preparada pelo/a Professor/a Acompanhante e publicada na plataforma Teams UAARE, no canal geral, sendo assim partilhada com toda a rede nacional de escolas e servindo para fornecer informação a integrar na newsletter mensal nacional. Esta newsletter de escola é também partilhada na plataforma interna da escola para divulgar a atividade da UAARE local junto de alunos-atletas e a equipa de escola, ou mesmo para toda a escola e comunidade, via website ou outros canais existentes.
Nesta secção destacamos algumas informações partilhadas pelas escolas.
Agrupamento de Escolas Padre António Martins de Oliveira - Lagoa
Convívio de Final de Ano UAARE 2024-25
No passado dia 11 de junho, realizou-se, no Parque Aquático Slide & Splash, o habitual momento de convívio de final de ano da UAARE. Foi um dia repleto de alegria, diversão e espírito de equipa, que reuniu os alunos-atletas UAARE e alguns dos professores da Sala SEAM (Sala de Estudo Aprender Mais), que os acompanharam ao longo do ano.
Esta iniciativa foi uma excelente forma de celebrar mais um ano de trabalho, esforço e superação, num ambiente descontraído e de partilha. Para além dos momentos de lazer, o dia serviu também para fortalecer os laços entre os diferentes elementos da comunidade UAARE, promovendo o espírito de grupo fora do contexto escolar.


Agrupamento de Escolas Portela e Moscavide
PALESTRA: CONTROLO DE ANSIEDADE
No passado dia 5 de junho realizou-se uma palestra sobre o “Controlo de Ansiedade na Carreira Dual”, orientada pela Psicóloga da UAARE.
Esta palestra contou com a presença do jogador João Simões, da Equipa Principal do SPC, para conversar com os AA sobre a Gestão Eficaz na Carreira Dual.
Após breves palavras de boas vindas, pelo nosso Diretor do AGEPM, iniciou-se a Palestra com uma apresentação teórica sobre o tema.
Seguiu-se um momento de conversa sobre o tema abordado com o nosso convidado AA João Simões, jogador da equipa profissional de futebol do Sporting Clube de Portugal.
Os AA manifestaram muito interesse através das questões colocadas, promovendo um momento de reflexão sobre a relação da ansiedade e a dicotomia da carreira dupla.
Vários AA partilharam as suas experiências e questionaram o convidado sobre as suas preocupações em relação à gestão deste sentimento. Foram também destacados os benefícios da UAARE, tanto a nível académico como desportivo.
No final da palestra foi entregue aos AA um Certificado de participação no Programa UAARE no ano letivo 2024/2025.


Escola Secundária Afonso Lopes Vieira
Eventos UAARE - Distinção Laura Viola (Antiga aluna-atleta)
No dia 15 de maio de 2025 decorreu a cerimónia de entrega dos Prémios "UC à Frente", Edição 2024, na qual a estudante Laura Matos Viola, antiga aluna-atleta UAARE da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, foi distinguida pela Universidade Coimbra. Foi considerada uma das melhores estudantes matriculadas e inscritas pela primeira vez nesta instituição, tendo sido colocada na sua primeira opção no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, com nota de candidatura igual ou superior a 18 valores.


Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor
E terminámos mais um ano letivo! No dia 11 de junho celebrámos o dia da UAARE no nosso Agrupamento. Em jeito de comemoração iniciámos a nossa jornada cultural/desportiva com a visita ao Centro Interpretativo de Molinologia de Foros de Arrão. Neste espaço cultural foi-nos dado a conhecer um pouco da história dos moinhos, terminando a visita com animação garantida na sala Funlab onde os atletas disseram presente à diversão. No período da tarde, a animação virou-se para as linhas da Barragem de Montargil onde entre mergulhos, vela, canoagem, paddle e barco a motor reinou também a diversão, a partilha e o convívio.
No dia da UAARE festejámos o relacionamento entre todos, a entreajuda, a diversão, o alívio do stress e da pressão diária, a saída da zona de conforto e a animação. Celebrámos o fim de mais uma jornada letiva, carregada de vitórias e derrotas, onde no fim de contas, o que conta é que Somos todos UAARE!






SEAM ND