No contexto do ensino superior, as instituições assumem um compromisso fundamental em apoiar os Alunos - Atletas, proporcionando um ambiente que valoriza tanto a excelência académica como a realização desportiva, destacando-se como pilares essenciais no percurso de sucesso desses estudantes.
Seis instituições do ensino superior assinaram hoje, em Coimbra, os protocolos para constituírem unidades de apoio ao alto rendimento no ensino superior, num projeto-piloto que quer ajudar atletas a conciliar a vida desportiva com a académica.
As unidades de apoio, que até agora funcionavam apenas no ensino secundário, irão ser criadas nas universidades de Coimbra, Aveiro, Minho e Porto e nos institutos politécnicos de Leiria e de Santarém, instituições que decidiram aderir ao projeto-piloto.
O coordenador nacional das Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE), Victor Pardal, presente na cerimónia, recordou o trabalho já feito no ensino secundário desde 2016, quando se replicou o modelo de unidades de apoio a nível nacional, passando de 56 atletas (dos quais 20% do sexo feminino) nesse ano para 1.252 atletas em 2024 (45% dos quais do sexo feminino).
No ensino secundário, foram assegurados planos pedagógicos, aulas de compensação e aulas à distância para assegurar que os jovens atletas poderiam conciliar o sucesso desportivo com o académico, frisou.
“Nestes oito anos, as UAARE tiveram um papel fundamental no êxito desportivo em Portugal”, sublinhou, considerando que a criação de um modelo específico e adaptado ao ensino superior será também importante para garantir que atletas que prosseguem os estudos têm o apoio necessário na universidade ou politécnico em que ingressaram.
Segundo Victor Pardal, nestas seis instituições que decidiram participar no projeto-piloto, deverão estar envolvidos cerca de 150 atletas, propondo-se que cada instituição possa desenhar formas de assegurar um apoio efetivo aos seus alunos que praticam desporto de alto rendimento.
“O estudante-atleta pode mudar um exame e depois? Se só tiver esse direito pode ser o adiar de um funeral. Se não tem o exame hoje, mas daqui a 15 dias, será que tem condições? Adia-se um funeral. É necessário um conjunto de medidas estruturais, como no ensino secundário, para assegurar que um atleta que está 15 dias ou um mês num campeonato do mundo tenha atividades de compensação [pela falta às aulas]”, disse aos jornalistas Victor Pardal.
De acordo com o responsável da UAARE, poderão ser criadas plataformas digitais e disponibilizados tutores, num programa, que prevê a definição de um coordenador nacional e equipas que acompanhem os estudantes.
“Isto poderá estar operacionalizado no próximo ano letivo, mas vem um Governo novo e terá de decidir se vai avançar e como vai avançar”, esclareceu.
Presente na sessão, a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, sublinhou que este projeto propõe-se evitar que estudantes tenham de “escolher entre ser atleta ou continuar os seus estudos”.
Já a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, salientou que os resultados positivos das unidades de apoio no ensino secundário tornaram “impossível não estender” a experiência ao ensino superior.