Ser mãe de uma atleta que também estuda é um grande desafio, ser mãe de duas atletas que também estudam é um desafio a dobrar. O dia a dia é duro, mas principalmente para elas. O levantar às 6h da manhã para ir treinar, ainda por cima para ir fazer uma atividade na água ao ar livre, com vento, chuva e, por vezes, temperaturas negativas... que também as há no Algarve. Para muitos é chamado de loucura! “Tão bem que se estava no quentinho da cama” – muitos pensariam. No caso delas, penso que encaram com alguma naturalidade, apesar de haver muitos dias que lhe custa.
A vida obriga a sacrifício, o desporto obriga a sacrifício e o desporto de alta competição ainda mais. Não são obrigadas a nada, a não ser ir à escola. Penso que a ESPAMOL as ajuda a manter o nível de motivação para a competição, o saberem que, paralelamente ao desporto, existe uma escola “vocacionada” para os atletas e para a conciliação das suas vidas de alunas e atletas. São muitas as faltas às aulas, em deslocações para as competições, para as competições, os estágios da seleção... Mas a escola não para, a matéria não para. É preciso recuperar aprendizagens, ter aulas extra de apoio, reagendar testes, fazer preparação para os testes e exames, enfim....
Quanto às rotinas diárias, felizmente há mais um atleta lá em casa e, por isso, a parte de levantar às 6h da manhã não tem implicações diretas para mim. Mas no período da tarde há mais: mais um treino de água, um treino de ginásio. É preciso gerir a parte dos transportes - levá-las,
buscá-las... É necessário conciliar muita coisa, muitas rotinas... e também é preciso estudar, também é preciso conviver, tudo é importante. O facto de, desde pequeninas, terem sido educadas a serem autónomas ajuda muito. Deu muito trabalho, mas agora ajuda-me bastante a mim e a elas.
Neste processo todo, o que para mim é mais difícil de gerir são as ansiedades e emoções. As delas e as minhas. O que lhes transmito é que devem sempre encarar a escola, a competição e a vida no geral com naturalidade, com confiança e que se trabalharmos e quisermos muito uma coisa conseguimos; que o esforço compensa sempre, mesmo que às vezes pareça que não.
Assistir às provas também é um desafio. São os gritos de encorajamento (que elas não ouvem). É a corrida ao lado da embarcação até à meta. Depois, no final da prova, é um extravasar de emoções e respirar fundo.
O que desejo é que continuem a ser atletas até quererem, que consigam sempre alcançar os objetivos. Eu, estarei sempre cá para elas.